Os Antiquários- Pablo de Santis
Editora: Alfaguara.
Resenha Os Antiquários, de Pablo de Santis.
Em Buenos Aires dos anos de 1950, o jovem Santiago Lebrón se
vê envolto em mistérios e tramas das quais nunca teria suspeitado.
O livro de Pablo de Santis traz uma narrativa incomum, que
desenrola a história de maneira calma e lenta sem tornar-se cansativa.
Santiago é um jovem que vai para a cidade de Buenos Aires
sem experiência em área alguma, a não ser a leitura. Empregado por seu tio no
ofício de consertar máquinas de escrever, Lebrón acaba por ser convidado a
trabalhar em um jornal e depois da morte de um colega, é designado a fazer parte de um setor de assuntos míticos.
A partir daí, o rapaz se vê rodeado por um mundo de farsas e
não espera encontrar nada mais do que ilusionistas e farsantes até se envolver
com um tema do qual nunca tinha ouvido falar antes. Os antiquari, ou antiquários, são seres presos em uma melancolia
eterna e amargurados pela passado. Vivem entre livros, entre antiguidades,
entre a história que já se foi. São criaturas de essência profunda e hábitos
incomuns, curiosos e ocultos.
As reviravoltas e acontecimentos inesperados acabam levando
Santiago a um caminho ao qual ele
nunca imaginara chegar e apesar do ceticismo pelo qual antes era de certa forma
dominado, se vê preso ao mundo oculto dos Antiquários e também ao amor pela
jovem Luisa.
Pablo de Santis reescreve o mito dos vampiros sem deixar de
lado a melancolia e a sede de sangue desses seres que despertam tanta
curiosidade. Em sua narrativa, mostra também grande apreço pelos livros (como o
espanhol Carlos Ruiz Zafón em seus livros) e transforma um tema que hoje em dia
tem caído nas graças dos mais diversos escritores e das mais diversas maneiras
e que poderia ser considerado algo clichê, em uma narrativa fantástica que
prende e encanta o leitor até a última página.
Não podemos esquecer da arte da capa, que de início pode
parecer pouco sugestiva a não ser pelas pequenas gotas de sangue, mas que,
conforme vamos descobrindo os mistérios dos Antiquários, da dita sede primordial e do amor e fixação de
Santiago por Luisa, acaba se mostrando na realidade uma grande revelação.
O personagem principal tem os traços característicos dos
jovens, como as atitudes impulsivas, mas também mostra-se confiável e digno de
fazer parte de algo maior do que
ele podia imaginar antes de se tornar informante de O Ministério do Oculto.
Inebriante, até apaixonante, Os Antiquários se mostra uma
grande obra da atualidade que encanta e seduz o leitor, que fica ávido por uma
continuação que não existe e passa a refletir sobre que rumo tomou Santiago Lebrón
Espero que tenham gostado. Vale a pena ler.
Carol Gomez